• Resumo

    ARGUMENTAÇÃO, IMAGEM E DIREITO: UM ESTUDO DE CASO A PARTIR DA ANÁLISE DE PROVA EM VÍDEO ANEXADA A UM PROCESSO CRIMINAL MILITAR

    Data de publicação: 01/04/2021

    Este artigo analisa a argumentação de profissionais que atuaram em um processo criminal militar sobre uma prova audiovisual. A hipótese era a de que a argumentação não seria satisfatória, dadas as peculiaridades dessa prova e a ausência de um tratamento específico no Brasil. A partir da interface com a linguística textual, desenvolveu-se pesquisa de cunho empírico, qualitativo e descritivo, baseada no método do estudo de caso para a análise das marcas linguísticas e do direcionamento da força dos argumentos apresentados. Tal análise permitiu inferir a preferência na argumentação voltada ao vídeo, a discrepância entre a natureza demonstrativa na legitimação e substantiva na valoração dessa prova, a ausência de argumentação sobre os elementos multimodais e a incidência da teoria da testemunha silenciosa. A hipótese restou confirmada, concluindo-se pela necessidade de maior alfabetização digital dos profissionais do direito para lidar com a complexidade dessa espécie de prova.

  • Referências

    ASIMOW, Michael. Lawyers in your Living Room: law on television. Chicago: American Bar Association, 2009.

    BRASIL. Superior Tribunal Militar. Apelação nº 0000031-58.2010.7.04.0004. Apelante: A.L.E. Apelado: Ministério Público Militar. Relator: Ministro Cleonilson Nicácio da Silva. Brasília, 11 de setembro de 2012.

    BROWN, Michele. Visual Criminology. Oxford Research Encyclopedia of Criminology, Oxford: Oxford University Press, 2017, p. 1-33.

    CARRABINE, Eammon., Just images: aesthetics, ethics and visual criminology. British Journal of Criminology, Oxford, v. 52, Issue 3, May 2012, p. 463-489

    DENZIN, Norman K. & LINCOLN, Yvonna. Collecting and Interpreting Qualitative Materials. London: Sage, 1998.

    ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Suprema Corte. 550 U.S. 372. Scott v Harris. Relator Juiz Antonin Gregory Scalia. Washington, 30 de abril de 2007.

    FELICE, Deborah. Il Sapere Specialistico nel Giudizio Penale: profili d’analisi di sociologia del diritto. Milano: Mimesis, 2014.

    ____, Deborah, SAGRI, Teresa, BACCI, Lorenzo, AGNOLONI, Tommaso. I “Nuovi” strumenti di conoscenza nella costruzione del giudizio penale: un’analisi tra sociologia del diritto e informatica giuridica. In: GHEZZI, Morris; MOSCONI, Giuseppe; PENNISI,Carlo; PRINA; RAITERI, Monica (coor.). Processo Penale, Cultura Giuridica e Ricerca Empirica, Santarcangelo di Romagna: Maggioli, 2017, p. 55-88.

    GARAPON, Antoine. Bien Juger: Essai Sur le Rituel Judiciaire. Paris: Odile Jacob, 1997, p. 270

    GARDNER, Dillard S. The Camera goes to court. North Carolina Law Review, Chapel Hill, v. 24, n. 3,, pp. 233 – 246, 1946.

    GIL, Antonio C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002.

    GROARKE, Leo, PALCZEWISKI, Catherine H.; GODDEN, David. Navigating the visual turn in argument. Argumentation and Advocacy, Milton Park, v. 52, pp. 217-235, 2016.

    GUNTHER, Hartmut. Pesquisa Qualitativa Versus Pesquisa Quantitativa: Está É a Questão? in Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 22, n. 2. Brasília: Universidade de Brasília, mai/ago de 2006. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722006000200010>. Acesso em 25/09/2017.

    KAHAN, Dan M. Whose eyes are you going to believe? Scott v. Harris and the perils of cognitive illiberalism. Harvard Law Review, Harvard, vol. 122, n. 3,pp. 837-906, 2009.

    KJELDSEN, Jens. The study of visual and multimodal argumentation. Argumentation, Berlim, v. 29, pp. 115-132, 2015.

    KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. A intertextualidade como critério de textualidade. Cadernos PUC (São Paulo), São Paulo, v. 22, n.4, pp. 39-46, 1986.

    _______Argumentação e Linguagem. 13 ed. São Paulo: Cortez, 2011.

    _______A inter-ação pela linguagem. 11 ed. São Paulo: Contexto, 2015.

    _______Introdução à linguística textual: trajetória e grandes temas. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2017.

    KOT, Alex; CAO, Hong. Digital Image Forensics: There is More to a Picture than Meets the Eye. Berlim: Springer, 2013.

    LEVY, Pierre. Cibercultura. Tradução Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34, 1999.

    LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal. v.1. Niterói: Impetus, 2011.

    LODER, Letícia Ludwig. O modelo Jefferson de transcrição: convenções e debates. In: LODER, Letícia L; JUNG, Neiva Maria. (coords). Fala-em-interação social: introdução à análise da conversa etnometodológica. Campinas: Mercado das Letras, 2008, p. 127-161.

    LOPES JÚNIOR, Aury. Direito processual penal e sua conformidade constitucional, v. 1. 5 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.

    MADEIRA, Denis Cruz. Argumentação jurídica. Curitiba: Juruá, 2014.

    MINAS GERAIS. Auditoria da 4ª Circunscrição Judiciária Militar. Ação Penal Militar nº 0000031-58.2010.7.04.0004. Autor: Ministério Público Militar. Acusados: A.L.E. e M.V.B. Juiz de Fora, 25 de março de 2010.

    PHILIPPI JR., Arlindo; SILVA NETO, Antônio J. (coors.). Interdisciplinaridade em ciência, tecnologia & inovação. São Paulo: Manole, 2011.

    RICCIO, Vicente, VIEIRA, Amitza Torres, GUEDES, Clarissa Diniz. Video evidence, legal culture and court decision in Brazil. In: Frameworks for Discursive Actions and Practices of the Law, TESSUTO, Girolamo; BHATIA, Vijay K.; ENGBERG, Jan (coor). Cambridge: Cambridge Scholars Publishing, 2018, pp. 333-347.

    ROQUE, Georges. Esquisse d’une rhétorique des interactions verbo-iconiques. Images Re-vues, Paris, v.5, 2016, pp. 1-19.

    SHERWIN, Richard K. Visualizing law in the age of the digital baroque: arabesques and entanglements. New York: Routledge, 2011.

    SILBEY, Jessica. Judge as film critics: new approaches to filmic evidence. University of Michigan Journal of Law Reform, Ann Arbor, vol. 37, n. 2.pp. 493-571, 2004.

    _______Cross-examining film. Race, Religion, Gender & Class, Baltimore, v. 8, n. 17. pp. 17-46, 2008.

    TAIT, David. Rethinking the role of the image in justice: visual evidence and science in the trial process. Law, Probability and Risk, 6, 2007, pp. 311-318.

    THOMPSON, John. A Mídia e a Modernidade. Petrópolis: Vozes, 1998.

    THOMPSON, Geoff; HUNSTON, Susan. Evaluation in Text: Authorial Stance and the Construction of Discourse. Oxford: Oxford University Press, 2000.

    YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.

    _______Pesquisa qualitativa do início ao fim. Porto Alegre: Penso, 2016.

    YOWELL, Amelia G. Race to judgment? An empirical study of Scott v. Harris and summary judgment. Notre Dame Law Review, Notre Dame, v. 85, n 4, 2010, pp. 1759-1786.

Novos Estudos Jurí­dicos

A revista Novos Estudo Jurídicos (NEJ), Qualis A1 Direito, é um periódico científico quadrimestral, com publicações ininterruptas desde 1995, nos meses de Abril, Agosto e Dezembro. Sua missão é promover o aprimoramento dos estudos na área do Direito, especialmente nas seguintes linhas: “Constitucionalismo e Produção do Direito”, “Direito, Jurisdição e Inteligência Artificial” e “Direito Ambiental, Transnacionalidade e Sustentabilidade”.

A NEJ é um dos periódicos científicos da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) e está vinculado ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência Jurídica da UNIVALI (conceito CAPES 6), cursos de Mestrado e Doutorado.

O periódico oferece acesso livre e imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento. 

A visão da revista Novos Estudo Jurídicos (NEJ) consiste na publicação de artigos e relatos de pesquisas inéditos de autoria de docentes, discentes e pesquisadores, estimulando os debates críticos e éticos sobre assuntos relacionados aos temas que compõem sua Linha Editorial.

Access journal